terça-feira, 8 de agosto de 2017

Entro eu na academia hoje cedo a fim de cumprir a árdua tarefa de lutar contra a lei da gravidade, excessivamente cruel pras mulheres com mais de 40, e Ludmilla já está lá, tocando no volume máximo:

"Cheguei! Cheguei chegando, bagunçando a zorra toda ♫♪♬"

Eu geralmente não curto muito as músicas que tocam em academia, mas a batida de Ludmila nesta manhã combinou com meu humor ("e que se dane, eu quero mais é que se exploda♪♫♬") e já me deu vontade de ir pra frente do espelho balançar a “raba” até o chão ("porque ninguém vai estragar meu diaaaa♪♫♬").

Eu tiro onda de cult e sofisticada quando o assunto é música, mas admito que minha bunda se agrada de qualquer batida que lhe faça sacolejar. Com o samba eu posso manter o rebolado num padrão elegante, mas a verdade é que este também adere fácil ao populacho: pagode, funk e até música baiana. Meu passado é temerário ao som de É o Tchan, confesso. Me julguem!

Por vezes, eu sofro quando minha bunda não acompanha minha onda de intelectual (daqui a pouco estarei atracada com Derrida), sinto culpa e constrangimento, mas fazer o quê? Ela tem vontade própria. Freud já avisava que nosso eu não é capaz de comandar totalmente nossos pensamentos e atitudes, eu acrescentaria: nem a nossa bunda. Quem sabe na Europa isso seja mais possível, mas não no Brasil.

E Ludmilla continua: "se não gosta, senta e chora. hoje eu tô a fim de incomodar♪♫♬" Como resistir?

Aliás, acho tosca essa separação que fizeram da consciência e a bunda, da alma e a bunda, da razão e a bunda, da filosofia e a bunda. Dizem que separar a alma da bunda foi coisa do cristianismo e que, quem cindiu a consciência da bunda foi Platão. Sei lá! Só acho que é dualidade demais pra ter que lidar, a vida já é difícil, porra! Respeito Freud porque ele tentou dizer que a bunda tinha a ver com tudo isso aí, e que, aliás, ela tá mais no comando do que a gente poderia imaginar. Mas tem gente que não entendeu isso até hoje, e acha que a bunda pode ficar descolada do nosso cotidiano. Lamento por esses.

Eu tenho seguido no esforço de não reprimir ou desprezar as dicas da minha “raba”, entendi que ela tem sua sabedoria e uma forma própria de comunicação com o Universo. Quando estou feliz e quero festejar, ofereço meu rebolado como gratidão. Mas quando bate a angústia, a tristeza e aflição eu me entrego a um quadradinho ("pode me olhar, apaga a luz e aumenta o som♪♫♬"), um requebrado, um remelexo, e tudo fica mais leve, mais fácil.

O rebolado é a Inteligência da bunda, eu diria, inteligência que podemos usar a nosso favor, afinal, há de se ter muito rebolado pra levar essa vida, né não? ("se não gosta, senta e chora. mas saí de casa pra causar♪♫♬"). Ou as vezes, o único jeito mesmo é "quebrar tudo".

Obrigada, Ludmilla!

Eh nois!

Rita Almeida

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