terça-feira, 23 de maio de 2017

É obvio que a luta que travamos hoje, ilustrada com essa cinematografia no depoimento de Lula a Moro, é de longe aquela que gostaríamos de travar. Esteticamente não é uma luta das mais belas e eticamente não é a das mais legítimas, mas é a luta que temos. É a luta possível no momento. Claro que me preocupa uma “religiosidade camuflada” presente nos atos em Curitiba e de longe gostaria de resgatar um Sebastianismo recalcado que sempre retorna, nem na figura do Lula, nem na do Moro. (Nesse caso, cada um que escolha seu Salvador). Mas me incomoda ainda mais a posição de alguns “intelectuais isentões ” que, do alto da sua arrogância e preocupação com a higiene, têm se dedicado a menosprezar a luta dos que estão no chão do campo de batalha. É fácil assistir tudo de camarote VIP, com uma taça de vinho nas mãos e MPB na vitrola, e se dedicar apontar as feiuras que aparecem. Quem não se dispõe a sujar as mãos, os pés ou a dignidade no campo de batalha devia ao menos ficar com a boca e o teclado calados. Saco cheio de gente limpinha e cheirosa! Zaratustra-Nietzsche me entenderia. Acabei de acender uma vela pra ele.

Rita Almeida

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