sexta-feira, 15 de abril de 2016

Madrugada

A madrugada, quando engolida por silêncios
É a morada dos fantasmas
E a dispensa onde guardamos nossos medos
É lá onde o tempo corre demasiadamente lento
E até as minúsculas formigas são capazes de fazer barulho

Pra quem dorme, o sono alimenta
Para os insones, a fome aperta
Fome de entender
Fome de lembrar
Fome de esquecer

A madrugada silenciosa é para os fortes
Ou para os poetas
As palavras chegam sem que a gente precise abrir a janela
Ou acender a luz

Na madrugada,
As dores ganham o dobro do peso
E a angústia - que também não dorme
Nos atravessa com sua lança

É na madrugada que entendemos
Que a vida, afinal, é uma experiência solitária
Pois os que nos acompanham nessa jornada
Também precisam enfrentar suas próprias madrugadas
Do seu próprio modo

Na madrugada,
É cada um com seu silêncio particular
E cada um com seu barulho peculiar

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